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sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Revisitando Eros


Há algum tempo fiz um post sobre os poemas eróticos do Drummond, publicados postumamente, porque, tímido, Drummond não os quis tornar públicos. Minha timidez não chega aos pés da do grande autor de O elefante, portanto não vai ser necessário que eu parta dessa pra uma melhor, pra que meus poemas, haikais e sonetos eróticos se façam conhecer.

Erotismo é representação do sexo, da sexualidade e de suas manifestações nos seus vários aspectos e não o sexo propriamente dito. Logo, na Arte, mais na Literatura em particular e mais ainda na poesia, as metáforas estão muito presentes. Claro que se pode também ser mais direto, a criação e expressão do artista é livre. Mas na poesia erótica, o limiar entre o erotismo e o chulo e vulgar, se não chega de fato a ser tênue, pode se tornar. 

Tenho alguns textos eróticos numa linguagem, digamos, mais arrebatada, mas – não esquecendo a timidez menor que a do mestre – escolhi pro post, um bem metafórico, que cria um contraste entre o amor carnal e as liturgias de um templo religioso, cuja ponte entre o sexual do primeiro e o transcendental do segundo é o sublime.


Templo


Em minha catedral particular
não tem aqueles santos nos vitrais
nem Bíblias colocadas nos missais
mas tem sacerdotisa no altar

A hóstia oferecida a consagrar
os cânones sublimes e os carnais
Nas longas liturgias guturais
o êxtase ultrapassa o limiar

Sussurro meu desejo em confissão
No templo do teu corpo a adoração
que em comunhão com o meu me faz melhor

O ar recende a incenso e devoção
Nem cruz nem Via-Crucis na paixão
Teu sal na água benta do suor




(Haigá ilustrado por Ana Eliza Frazão)


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