Vaga-lume – inseto que emite luz, brilha no escuro, que possui tecidos luminescentes.
Vaga = se move, se desloca. Lume = luz, chama, labareda, fogo.
Manoel de Barros = vaga-lume.
O vaga-lume mais longevo já nascido. Está com 96 anos. Nasceu e cresceu no Pantanal, em meio àquela natureza pródiga e exuberante e não é estranho que se misture à sua fauna e flora.
Conheci sua obra de forma tardia, mas antes tarde do que nunca. Em 2010 foi lançado um volume com suas obras completas e na minha modesta opinião, trata-se de um ítem indispensável, um objeto de desejo preferencial pra quem aprecia poesia, e mais que tudo, sensibilidade, encantamento, despojamento, simplicidade não simplória.
Mas no que diz respeito a essa simplicidade que emana da escrita de Manoel de Barros, tenho uma teoria embasada exclusivamente na minha subjetiva percepção e convicção de que sua poesia, de simples só possui a aparência. Algo me diz – e a cada releitura dele isso se reforça – que por trás de tal despojamento, quase desconcertante, existe uma sofisticada elaboração que tem o cuidado de não soar complicada e obtém pleno êxito nessa empreitada. A maneira como o poeta desconstrói e reinventa palavras e a reboque delas, ideias e imagens, me faz ver nele um gênio que tem sua marca de extrema originalidade. O despojamento de Manoel de Barros contrasta com a complexidade de José Saramago. São extremos que me encantam.
Um já nos deixou, órfãos. O outro não deve tardar a imitá-lo. Mas celebremos sua arte que tanto nos toca e nos faz mais humanos, porque ela e eles são eternos.
Desinventar objetos. O pente, por exemplo.
Dar ao pente funções de não pentear. Até que
ele fique à disposição de ser uma begônia. Ou uma gravanha.
Usar algumas palavras que ainda não tenham idioma.”
Dar ao pente funções de não pentear. Até que
ele fique à disposição de ser uma begônia. Ou uma gravanha.
Usar algumas palavras que ainda não tenham idioma.”
“As coisas não querem mais ser vistas por pessoas razoáveis:
Elas desejam ser olhadas de azul –
Que nem uma criança que você olha de ave.”
Elas desejam ser olhadas de azul –
Que nem uma criança que você olha de ave.”
Manoel de Barros
"A simplicidade é o último grau da sofisticação". Vida longa ao Manoel – e ao Bla Bla Blog!
ResponderExcluirViva Manoel de Barros e sua simplicidade sofisticada! Viva a boa poesia! Grato, Germana.
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