Vertical é cachoeira. É voo de gaivota em busca do peixe. Pincelada de Pablo Picasso. Olhar de Michelangelo pintando sua Capela Sistina. Sobe e desce sutil das teclas de um piano. Ponteiros do relógio marcando as seis e o meio-dia.
Nossa relação com o divino, acuada, de esguelha, faz dessa verticalidade enviesada o prelúdio da solidão de Deus. Sejamos pródigos e nos compadeçamos dele. Que ele, sorridente, use a Lei da Gravidade que inventou, para cair dos céus e desfrutar mais das suas criaturas e findar seu distanciamento silencioso, neutro e solitário. E isso se torne mais horizontal.
Quem sabe assim, a teu alcance, esteja o ateu que assim te alcance...
Sem rei nem réu
Com a tez sem cor
Ar de ser tão só
Lá no mar de pó
Jaz um deus em flor
Fez o mar dar nó
Fez um lar do Caos
Leis do Bem e Mal
Riu da dor de Jó
Só que foi tão bom
que nos deu o dom
Voz do sim e não
Já não há mais céu
Nau sem rei nem réu
Nós e o deus no chão
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