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sábado, 24 de março de 2012

Quando menos se espera

Se a vida coubesse e pudesse ser sintetizada em equações, tudo cartesiano e de fácil e permanente previsibilidade, é provável que a achássemos mais chata e sem graça. No entanto, isso pode não passar de uma especulação de quem não tem como comparar o que a vida é com o que ela seria. Quem garante que mesmo assim nós não trataríamos de descobrir e criar outros valores e cultivá-los e cultuá-los?

No fundo, ser humano é ser insatisfeito e aspirar sempre ao que não temos, ao que está fora do alcance da vista, buscando sempre o que está no fim do arco-íris e além do horizonte, eterno idealismo e curiosidade desbravadora. Mesmo os cartesianos pragmáticos mais empedernidos, por trás dessa postura, acalentam seus sonhos, seus desejos, ainda que secretamente.

Essa imprevisibilidade e o imponderável, o intangível, que adiciona fascínio à vida e seu mistério, alimenta a todos, artistas ou não. A fauna humana é diversificada em muitos aspectos e então isso não poderia deixar de se refletir em suas realizações inclusive artísticas. Temos criações marcadamente apolíneas (mais lineares, racionais, “corretas”), mas meu gosto pessoal se direciona para as que têm pelo menos pitadas dionisíacas (mais assimétricas, intensas, emocionais e transgressoras), na(s) forma(s) e no conteúdo.

            
         Surpresas


Há males que vêm pra bem
Sofreres que dão vigor
Desprezos antes do amor
Riquezas sem ter vintém

Doçuras depois do fel
Faróis mitigando o breu
Achar o que se perdeu
Segredos sem ter mais véu

Bonança pós-vendaval
Um erro ser genial
Cair e se levantar

Perder-se e chegar enfim
Mil nãos mas um grande sim
Um susto e então gargalhar

                                                          

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