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sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Música falada

Já discorri, mais de uma vez, sobre a importância que dou à musicalidade na poesia. 
A escassa prosa que já produzi também foi objeto desse meu cuidado. E sinto que se um dia enveredar por esse caminho, da prosa extensiva, a musicalidade das palavras ainda vai ser meta e preocupação, mesmo que a princípio isso não pareça tão relevante em contos e romances.

Escrevo poesia sempre sob a influência, quase inconsciente, de duas outras artes: o cinema e a música. Cinema é arte singular, por ser fusão de várias formas de arte e as reúne de uma forma tão própria, que cada uma se modifica nessa simultaneidade.
O cinema tem imagem concreta e a música imagem abstrata. A música entra no cinema. Música pode sugerir imagens cinematográficas. Todo esse imaginário está presente quando começo a poetar.

A literatura é arte mais despojada na sua construção e produção. Caneta e papel, teclado de um computador, até a voz, a fala pode ser seu simples e orgânico veículo.
A música em algumas das suas manifestação quase chega a tanto despojamento, mas precisa pelo menos de uma pessoa e um instrumento musical sendo tocado. Já o cinema tem toda aquela complexidade com que todos nós já nos familiarizamos, a partir do momento em que uma plateia se assustou com a imagem projetada numa tela de um trem chegando numa estação, nos primórdios da sétima Arte.

Acredito muito em que as palavras possuem musicalidade, sonoridade musical, ainda que sem notas musicais como numa canção. É preciso estar atento a elas, às que são mais musicais e ir produzindo versos cuja combinação de palavras resulte agradável aos ouvidos. Busco isso e já incorporei isso a meus instintos poéticos. Talvez isso explique em parte a vontade que dá de musicar esses textos.

Dos deuses é um soneto em que reverencio uma dessas minhas paixões que é a música.

Dos Deuses


A música nasceu do encontro acidental
dos deuses da Harmonia, Ritmo e Melodia
A prima não verbal da ninfa Poesia
E desde então surgiu a língua universal

Na aurora humana o canto da fertilidade
Depois valsas, sonatas, sinfonias, hinos
Nos bailes, nos estádios, no bater dos sinos
Cantando a guerra, o amor, a angústia e a saudade

São cellos, oboés, tambores, saxofones
Bandoneons, guitarras, trompas, vibrafones
mudando a pulsação de forma tão veloz

A música se faz com muitos instrumentos
Nenhum deles talvez traduza os sentimentos
tão fundo e apaixonadamente quanto a voz



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