O famoso provérbio chinês diz que uma imagem vale por mil palavras.
Sim, é inegável a força que uma imagem pode carregar. Por exemplo,
fotógrafos como Henri Cartier-Bresson e nosso Sebastião Salgado que o digam. Mas
esses nossos tempos velozes e vorazes da exacerbação e supervalorização da
imagem, transformaram o provérbio chinês num clichê. Os videoclipes e
comerciais de TV despejam uma sucessão vertiginosa de imagens em que a palavra,
a letra da música, é menos importante que a informação visual, o primado da
imagem com seus textos só subjacentes.
Mas o que desejo dizer é o oposto. A palavra tem enorme poder. O de
inverter, inclusive, o provérbio chinês.
Uma palavra bem sacada, bem colocada, pode mudar o sentido implícito que
uma imagem sem texto agregado a ela carrega. A palavra tem esse dom da
transformação quando associada a uma imagem.
A imagem que aparece no alto da página passa claramente uma ideia de proteção,
acolhimento, segurança, serenidade. Isso é indiscutível. Mas vejam como,
associada a um texto, o contexto muda o sentido e transforma a imagem em algo ameaçador,
as mãos protetoras agora oprimem, ameaçam, roubam, arrancam essa pessoa de outro.
A palavra muito pode. Nesse caso, subverte o antes estabelecido,
transgride, desconstroi. Assim como em outras circunstâncias restaura, agrega,
clareia. Não a subestimemos, pois. Acreditemos em que uma palavra pode valer
por mil imagens, que pode carregar em si imagens que instigam, se plantam e germinam
no vasto universo que é a nossa imaginação.
Excelente reflexão sobre o poder da palavra e da imagem. Ambos tem sua importância em nossas vidas. Cada um a sua maneira. Mas a palavra vai fundo! Você bem exemplificou no texto.
ResponderExcluir...Levar-te de mim ao começo, que de dentro nasce outro um...infinitamente a tempo de dizer sim.
ResponderExcluirBelíssimo Ricardo.Este Zero vai ao infinito!Beijo Grande
Adriana Bandeira