No post anterior, falei um pouco sobre as circunstâncias que
cercam a feitura das canções. Há alguns dias, vi o Marcelo Camelo, do Los
Hermanos, um cara bem articulado e que pensa questões pertinentes, dizendo que
é um típico letrista de canção popular e que nem é poeta e nem cultiva a
leitura de poesia. Isso me fez lembrar de uma declaração não tão recente do
Chico Buarque, na qual ele também se define como um letrista e não um poeta,
pelo simples fato de fazer sempre primeiro a música e aí sim, colocar a letra
sobre a melodia.
Essa questão me trouxe à tona algumas canções que fiz que
fogem ao meu padrão poesia/música/canção, quando fiz música/letra/canção. Numa
dessas, chamada Eterna fusão, juntei coisas prazerosas pra mim: a mistura de
gêneros musicais com meu gosto lúdico pelos neologismos, nesse caso com a fusão
e aglutinação de palavras.
A doce controvérsia, o debate em questão é: letras de música podem ser consideradas
poemas? Poetas letristas ou não e
letristas poetas ou não, são entidades distintas ou iguais? Letras de canções
são as primas pobres dos poemas?
Eterna fusão
Quero ser universal
ser infantil
ser sensual
Botar a avó pra dançar
Quero gregos e troianos
bruxos, gringos e baianos
Batucada geral
Nem quero saber se é pós-moderno
rasga o jeans ou usa terno
Eu quero a eterna fusão
Sintetiza essa cuíca
Bota salsa sessa valsa
numa rica invenção
Funkalipsambluesinforrock
Frevalsalsoul
Eu sempre amei o meu país
mas não quis criar raiz
Caretas torçam o nariz
pr’essa mistura que eu fiz
Funkalipsambluesinforrock
Frevalsalsoul