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quinta-feira, 28 de março de 2013

Pletora poética


Cada um de nós tem seus heróis, seus ícones. Uns têm heróis de ficção, Super-homem, Batman. Os meus são heróis não de ficção, mas da ficção, da poesia.   Na religiosidade isso se chamaria um Panteão. E como o culto à poesia é quase uma religião, com sua liturgia própria, porque não chamar então de Panteão também?

Dessas dezoito “deidades”, boa parcela é de brasileiros, por razões óbvias, poetas da nossa língua, bem como o sempre indispensável Pessoa, luso. De toda forma, são poetas do velho e Novo Mundo, de culturas e estilos variados, mas todos presentes, mesmo com a grande maioria já idos, para afirmar sempre com suas marcantes e tocantes obras, que a poesia não é, como tantos pensam, arte menor, Literatura menor.  Desbravaram e estabeleceram caminhos, sua poesia está viva e mantém o frescor, com suas particularidades e universalidade.

A vida, seus mistérios, angústias e maravilhas nos inspiram e nossos grandes poetas ocupam um lugar especial como fontes dessa inspiração. É homenagem singela, sem nem a longínqua pretensão de produzir algo de equivalente e tamanha estatura. Saboreiem, bom apetite.



                       

quinta-feira, 14 de março de 2013

Cenas cariocas singularíssimas


Ontem testemunhei uma pequena, mas marcante sequência de eventos. Dia da escolha do novo Papa e véspera do dia da poesia, saí pra correr no fim da tarde, com a iminente ameaça de um daqueles torós “águas de março”. O Papa já tinha sido escolhido, o argentino meu xará Jorge, autonomeado Francisco I.

Costumo correr num parque de frente pra praia, num cenário de cartão postal carioca. A ciclovia em certos pontos corre rente ao mar. E foi num desses trechos que me deparei com nada menos que...um sósia do novo papa acabado de ser escolhido!  O tempo instável afugentou as pessoas e a ciclovia, além de molhada, estava praticamente deserta. O “Papa”, um senhor de óculos, bem parecido com o original, passou por mim, vestido dos pés à cabeça como o Papa, acompanhado por um skatista que empunhava uma potente câmera fotográfica e colhia imagens. Depois daquele espanto, prossegui na minha solitária corrida e mais adiante levei outro susto. Um céu que parecia um imenso incêndio, de um dourado intenso e amplo como nunca vi, resplandecia por trás do Corcovado. Era um fim de tarde de um dia que fora ensolarado e isso junto com a chuva produziu um arco-íris que emoldurava toda essa exuberância.

Vi duas pessoas pararem seus exercícios, meio catalisadas por toda aquela beleza ainda maior que a habitual nesse lugar. Eu,também, interrompi minha corrida, boquiaberto com a intensidade daquela cena única e belíssima. E lamentei não estar munido da minha câmera pra registrar aquilo. Era até difícil acreditar que aquele céu era real. Assim como deve ser pra quem me lê, difícil de não achar que é exagero meu, licença poética etc. Pois acreditem, foi um evento pra mim inesquecível.

Essa sequência, entre o pitoresco e o pictorial, me fez lembrar e pensar o quanto o Rio de Janeiro, além de nos encantar, acaba sempre nos reservando surpresas fora do script e perpetuando sua sina de cidade apaixonante.

Não tive outra alternativa a não ser  escrever sobre isso e insisto, o poema que já comecei a fazer mentalmente lá naquele cenário inacreditável é bem um relato fiel, um depoimento-homenagem bem realista. O esplendor e a singularidade da minha amada cidade dispensa exageros poéticos.


                      
                      (En)canto carioca


Ainda era dia
quando eu corria
Fazia sol
Ventava e chovia
na ciclovia à beira-mar
E diante do meu olhar
a se aproximar
vinha um sósia
não da Ana Paula Arósio
mas do novo Papa Francisco
todo paramentado
passando bem do meu lado
Tirei até um cisco
pra ver e crer
À sua frente um fotógrafo skatista
colhia imagens
Sem sacanagem
Não menti, juro que vi
E ao fundo como cenário
Creiam, não sou falsário
o Corcovado
a flutuar num céu dourado
Parei de correr, maravilhado
A chuva fez sua parte
nessa obra de arte
com um arco-íris, um poema
Esta cena digna de cinema
só mesmo no meu “viveiro”
meu voluntário cativeiro
E aí, na boa
Não é à toa
que eu sorrio o tempo inteiro
pro meu Rio de Janeiro