Os puristas em geral
execram a adição de imagens aos textos. Para eles a poesia só deve ser
consubstanciada pela palavra, signo gráfico.
É bem verdade que a
partir do advento da Internet, um frequente mau uso e abuso da imagem tem sido
perpetrado. É como se muitos partissem da premissa, da crença em que a imagem
pictorial sempre valoriza tudo, inclusive a palavra escrita, o texto. Só que
isso muitas vezes não se mostra verdadeiro.
Sou a favor das
experimentações e a favor do uso da imagem dialogando com o texto. Tanto que lanço mão desse recurso com frequência. Mas penso que há
que ter critérios. Vejo muita imagem ser usada junto com poemas que competem
com eles. No meu modo de ver, o texto sempre deve prevalecer, ser o centro da
coisa. E isso sem falar nas obviedades. Boa poesia fala por si própria e assim,
não precisa de acessórios que lhes deem sentido. Pra mim a imagem deve ter um
papel de comentário, de detalhe. Tem muito poema com imagem na Internet em que
a imagem tenta claramente explicar o texto, ou simplesmente enfeitar, “embelezar”
o poema. Isso eu acho dispensável, excessivo, bobo, até.
O fato é que acabou virando um certo vício
condicionar a postagem de textos à companhia das imagens. A constância disso
vai estabelecendo padrões e só espero que com o tempo, o leitor de poesia não
vá perdendo o interesse pelo essencial, que é a palavra, o signo gráfico e se entedie de apenas se deparar com um texto pra ser lido. Mas
sou otimista e levo fé na força do verbo. Ele prevalecerá.
E eu, particularmente, vou seguir
experimentando com texto e imagem, mas sem perder de perspectiva de que poema,
embora rime com cinema, não é a Sétima Arte e sim uma adorável forma literária
que vai continuar vivendo com a potência de nutrir a si mesma.
P.S.: Leiam a entrevista que a psicanalista e escritora Adriana Bandeira fez com o poeta blogueiro que vos fala, no seu interessante blog "Indecentes Palavras". Ficou muito bom!