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quinta-feira, 2 de junho de 2016

Experimentar é impreciso. Viver também. Mas precisamos de ambos.

Voltando ao tema experimentações (como eu abuso da paciência de vocês!), a poesia, dentre as Letras, não é o único terreno fértil pra experimentações. Sim, isso provavelmente se dá mais nesse campo da poyesis, mas não esqueçamos que James Joyce e Guimarães Rosa, entre outros, o fizeram em romances.


Experimenta-se com a forma – a palavra em relevo mais como significante que significado – com os sons, os ritmos e até com os conteúdos, significados em aberto, ambivalentes, ou suprarreais, enfim.

Experimenta-se com transgressões a formas poéticas mais tradicionais. Exemplo: com a popularização dos haicais, que são poemas tradicionais japoneses de apenas 3 versos, o que já se transgrediu aí é incontável. Quebras de regras, a maioria intencionais, de número de sílabas, de temas, a incidência de rimas.

Experimenta-se com a poesia visual, no concretismo dos irmãos Campos e de Décio Pignatari.

Experimenta-se com os neologismos, as aglutinações de palavras, criando ricos e novos significados pela fusão de duas palavras preexistentes.

Experimenta-se com o rapp, assim como os repentistas, no improviso veloz.

Já experimentei e transgredi com de tudo um pouco, mas acho que do que sempre gostei mais foi experimentar com sonetos. Peguei-me pensando no porquê disso e acho que já encontrei a resposta.

 Sempre tive prazer em me propor desafios na escrita. Bem, o simples fato de concluir um soneto, como todos os seus rigores de construção, que levam o autor à loucura de escrever todo o tempo com um olho na forma e outro no conteúdo e isso é mais árduo de construir que qualquer outra forma poética, imaginem então se propor a escrever um soneto inteiro apenas feito com palavras monossílabas (acabei escrevendo três), ou só com palavras proparoxítonas (fiz dois), pra não falar de sonetos com todas as métricas possíveis, desde uma a treze sílabas (os sonetos clássicos são os de dez ou doze sílabas métricas, sendo que os de cinco e sete, são chamados de sonetilhos). Até um soneto sem nenhuma rima eu fiz, à la Neruda nos seus Cem sonetos de amor.

Vou compartilhar com vocês um desses sonetos, no qual cismei que todo final de verso teria de ser com uma palavra proparoxítona e com rimas preciosas. A ideia era dar um tom jocoso ao personagem que narra, um tremendo hipocondríaco que ou não sabe disso, ou sabe mas prefere acreditar que não sabe.


0u sabe mas apenas nega, como "algumas" figuras da vida pública...



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