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sexta-feira, 25 de março de 2016

E o poeta sorriu


O livro sobre o nada

"É mais fácil fazer da tolice um regalo do que da sensatez.Tudo que não invento é falso.Há muitas maneiras sérias de não dizer nada, mas só a poesia é verdadeira.Tem mais presença em mim o que me falta." 

                                                    Manoel de Barros

Há quem diga que histórias de poeta se assemelham às histórias de pescadores. As dos poetas contém uns exageros aqui, umas licenças poéticas ali e quando em vez uns delírios acolá, que não pretendem induzir ninguém a acreditar em diversos dos seus versos.

Mas a pequena – e singela – história que vou contar pra vocês não tem nenhum realismo fantástico e é apenas real.

Uma amiga minha, nascida e criada no Pantanal Matogrossense, pessoa que tem muito apreço literalmente às suas raízes, quando soube que eu, um grande admirador, tinha escrito um poema pro Manoel de Barros, na época ainda vivo, se prontificou a servir de ponte de comunicação – as famílias se conhecem há décadas e sugeriu que ela enviasse o poema  por email, para a filha dele, que por sinal é a ilustradora dos livros dele, um trabalho de grande delicadeza. É claro que aceitei a sugestão e minha amiga enviou o email.

Passaram-se vários dias e minha amiga me encaminhou a resposta da filha de Manoel, onde ela dizia o seguinte: Desculpem a demora, mas meu pai anda debilitado pela idade e alguns probleminhas de saúde, então para facilitar li o poema do seu amigo pra ele, que ouviu em silêncio e expressão atenta e no final abriu um sorriso...

Minha emoção não se deveu a vaidade e ego, a orgulho. Minha emoção não tem um nome. Tocar o coração de um homem que tocou tantos e tantos com versos de requintada simplicidade, com seu jeito tão singular de versejar é uma coisa mágica e nada mais foi que minha gratidão por tanto encantamento que recebi.  O poeta sorriu e isso é poesia e basta.

Cerca de um ano depois ele nos deixou e a maior parte de mim se alegrou por testemunhar a vida especial que ele teve e os muitos presentes que nos ofereceu.


E o humilde poeta que lhes fala também sorriu.



sábado, 12 de março de 2016

Volta e meia a poesia proseia


Quando um poema não vem você tem de dizer persuasivo vem meu bem mas se ele evasivo não aparece não tem prece que o traga nem depois de uns tragos o poema nem sempre vem no brilho da inspiração e sim no fosco da transpiração e volta e meia vem tosco meia boca de natureza oca pouco rebusco e muito reboco sai poema problema que só vem a embalagem sai chantagem emocional com o leitor e rima amor com flor e dor e também versos cifrados que nem o coitado do autor sabe o teor ou então um montão de frases numa pilha vertical se um auau passar perto vai achar que é poste e talvez encoste e...ainda bem que tem também os de versos que fluem com boa pulsação sonoridades musicais que não afundam no cais e narrativas expressivas que não disparem a esmo e não sejam só mais do mesmo mas ainda assim melhor um poema ruim que uma prosa erudita por não dita cheia de nhenhenhém que não toca ninguém

                                            

sábado, 5 de março de 2016

Monges de longe


Pros monges budistas nunca muda a vista eles estão sempre lá meditando em posição de lótus sem se importar com flashes e fotos alguns até conseguem levitar evitar a Lei da Gravidade e isso até avançada idade os monges budistas renunciam aos bens da matéria e disso nunca tiram férias quem nunca se apegou que atire a primeira corrente mas os monges só se apegam ao desapego urgente eles amam por igual desde o mendigo à Sua Alteza Real ser monge budista é legal morar no Nepal sem inflação sem ambição com justiça social entre incensos imensos mantras e mandalas sem ninguém pra manda-los fazer o que não querem e basta de irreverência vou fazer reverência aos monges de paz que com seus silêncios dizem mais que qualquer eloquência

                                             Jorge Ricardo Dias