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sábado, 8 de abril de 2017

Sem limites.com?


O artista é, antes de mais nada, um cidadão, com suas consequentes interações e implicações. E como cidadão que é, repercute e reverbera fatos, sentimentos, sonhos, perplexidades, alegrias e tristezas, sombra e luz, desesperos e alentos.

Artistas e não artistas, dicotomicamente são diferentes e semelhantes. O artista e a arte trafegam entre limites. Não fosse assim, que impacto a arte teria, ou seja, o que ela traria de contribuição para o pensar e sentir a vida e o mundo? Cabe ao artista não só exaltar as belezas, de certa forma as confirmando, mas também provocar, tirar as pessoas de sua zona de conforto, inspirá-las. Sem este mínimo de atrevimento, a arte se reduziria a mero acessório e enfeite.

Mas dar livre vazão a essas ousadias é salvo-conduto para um proselitismo maniqueísta, por exemplo? Arte e artista são livres a ponto de propagar ódio, violência, preconceito e discriminação?

 Particularmente penso que causa e efeito não devem ser confundidos. O veículo empregado não tem “culpa” e qualquer um pode se escudar por trás da arte para disseminar suas ideias e ideais de ódio e violência, assim como pode optar pelo simples discurso direto sem veleidades pseudoartísticas.

O artista mostra saúde quando não se omite, quando toma partido e não se apresenta indiferente a causas e questões particulares e globais. Mas a arte agradece quando ainda assim não faz juízos de valor. Garcia Lorca e Maiacovski são exemplos lapidares disso.

O artista é um ser social e quem vai estabelecer e mensurar limites à sua expressão, além da sua própria consciência, serão seus pares e fruidores, seja pelo aplauso e corroboração, seja pela rejeição e repúdio.

Aí se abre uma delicada discussão sobre a legitimidade (ou sua negação) da censura e a liberdade de expressão.




Noturno

Um sino sem seu badalo
balança em total silêncio
Quisera ser um cavalo
Ele não pensa, eu penso

Um vento sopra de lado
Qual caranguejo evasivo
Carregando o mapa errado
Tesouro em vulcão ativo

Rastros na areia desfeitos
Deuses do mar são suspeitos
A lua desvia o olhar

Num centauro convertido
Mando flechas num sentido
Que voltam pra me alvejar


Um comentário:

  1. Sua prosa versa sobre liberdade de expressão sem incorrer nos clichês usados para tratar o tema e sem deixar de pontuar questões importantes. Faz isso de forma clara e num texto prazeroso de se ler. Um viva à imagem escolhida!

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