Importante

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sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Som vital








Décadas atrás, a NASA enviou uma sonda ao Espaço com mensagens a possíveis civilizações extraterrestres. Em seu interior, imagens representativas da Terra e da nossa Civilização. Não se esqueceram de incluir sons, como música, gente falando em alguns dos nossos idiomas e sons da Natureza.
Sim, porque nosso lar e seus ocupantes, como estão vivos, produzem toda sorte de ruídos. Viver é praticamente produzir sons, naturais ou não.

                                      
                                       Som que soma


A Natureza é pródiga em sons quase todos bons, máquinas produzem barulho modernos entulhos, seres humanos são ruidosos mais os bebês que os idosos, então se tem trovão ranger de metal choro riso e tal temos vida em som e movimento momento a momento. O silêncio tirando os templos do Tibete e do Nepal e a profundeza abissal é vaca que não berra é motor que morre é pausa que emperra é luz que falta e emudece a canção que vem do rádio é gol no estádio sem comemoração é sexo com recato e sem tesão, silêncio é o som do nada é emboscada é o medo o segredo a raiva que se cala e adoenta é o tormento não vazado em tormenta o amor que não se tenta aos sete nem aos setenta, vida é som de papo sério ou besteira o chuá da cachoeira a sirene da ambulância  a  exuberância do aplauso no fim do concerto o que não tem conserto silencia. Vida é barulhenta na aflição e na euforia
                     

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Resiliência


Talvez por instinto de preservação da psique, prefiro acreditar que dias melhores virão e que nem tudo está perdido. O poço é fundo, mas lá da borda tem uma corda até aqui. A derrota principia na alma e no ânimo. Tenhamos fé na nossa resiliência e em que não vamos sucumbir.

As marés estão aí pra serem navegadas, mesmo que no seu sentido oposto. Busquemos e façamos sentido e sentidos.

Resistamos. Pela arte, pela palavra, pelo protesto, pela mobilização. Mesmo que nos roubem os remos, nademos.


Nado


Quando cumprida a promessa
Troca-
remos os rumos
por flutu-
ações fora do prumo
no ri-
acho morno
da ida sem re-
torno
E essa tal promessa
que se move sem pressa
Ainda que a extraia
Não será o nada
e sim o que nada
sem morrer na praia


sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Reincidente


Conto com a infinita paciência de vocês, espero que me desculpem por ser recorrente e num curto espaço de tempo, mas uma vez mais me sinto como poeta e sobretudo cidadão compelido a não silenciar diante de diários desmandos, politicagem de índole ruim, oportunistas, um verdadeiro saque e massacre do nosso tão amado país.

Como poeta, em meio a tantos artistas, meu modo de confrontar isso tudo, mostrar minha indignação é pela palavra, na esperança de que se despertar uma só consciência que seja, meu blog, meus livros, minhas postagens em redes sociais, meus versos e prosas já terão tido uma razão de ser.

Temos de protestar, nos indignar, sair da letargia, chamar as pessoas pra discutir isso. Tudo nos pertence e não podemos simplesmente cruzar os braços, calar a boca, enterrar a cara no buraco pra ter a ilusão de que não existe o perigo.

              
              Vaiatolá


Onde já se viu civil agindo como militar tentando limitar direitos dito e feito juiz soltando liminar pra eliminar o povo de vez nesse vil xadrez de um lado o rei da falsa lei o cavalo da Inquisição do outro lado só peão desarmado contra os desalmados e cadê a INDIG-NAÇÃO o clamor? Só o surdo estupor? Os escravos e o Senhor a senzala maquiada de sala a Corte comemora e a Morte idem nada de Éden na fila do SUS nem Jesus na causa pra dar uma pausa ou mesmo um basta nessa casta predando a pátria quebrando a cláusula pétrea nada de fugir no escaler não engulamos a lama do salve-se quem puder!

                            

sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Agruras de poeta




Poetar pode parecer pra muitos um jardim de rosas, um alegre e sereno versejar onde tudo esplende e recende a incenso ao som da lira. Nem sempre é assim. O poeta, não raro, briga com seu texto, em última instância consigo mesmo e se confronta com seus crivos estéticos, políticos, filosóficos. Ele esgrima - haja ou não rima – as palavras, oscila temáticas, joga no mar semântico como um náufrago sem boia, transborda temendo os paroxismos, se contém, temendo cercear seu espírito de livre criador. 

E entre estrofes, métricas, forma e fundo, se angustia, devaneia, cai em torpor, fala sozinho, obcecado, esculpindo, lixando, zeloso de que o texto não se rebele e prossiga sozinho, abandonando o autor.

Poetar é imaginar, desejar, gestar e por fim parir, nem sempre rápido, e quase nunca sem riscos. Inspiração e transpiração. Quem vê o poema pronto nem desconfia o quanto ele fez seu agora ex-dono, tão tonto.


De ré 

Na escuridão um tema um embrião de poema te ronda em ondas de açoite e no pernoite na tua mente nessa noite quente sem brisa te avisa que se quer perfeito mas não tem jeito você não dá conta a cabeça nunca pronta pra perfeição então o poema quebra algemas se requebra em dilemas vai nascendo a fórceps step by step antes que se estrepe prematuro e no escuro berra qual Macunaíma recoberto de rimas e metafórica placenta solta fogo pelas ventas faz que inventa sentidos de silêncio e ruídos na aurora vem pra fora conhecer o mundo e seu furor desavisado nesse jogo de dados com pavor deseja fundo escapulir desse cenário tão vário voltar a ser só esboço do sonho desse moço da fugidia alquimia da razão emoção inspiração perfeição que ele queria e o poema problema disse não