Importante

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sábado, 23 de dezembro de 2017

Eros e Vênus


                    Caudal

O vinho convinha o frio na espinha o hálito cálido que ofega se entrega se esfrega escorrega pros vãos mão que esculpe não se culpe e vá além de trem de navio pólvora e pavio rio caudaloso de afeto e gozo vórtice amoroso braços são correntes santa correnteza suga os afluentes atè beijar o mar alma em calmaria no raiar do dia

                                            

sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

sábado, 9 de dezembro de 2017

Mel e fel


Nem toda água é potável. Mas nem todo tema é poetável? Existem temas espinhosos, mas uma vozinha sempre me diz: _Vai fundo que o mundo não é só júbilo e gozo e não são só de tijolos amarelos os trajetos. Não são só orquídeas e rosas mas também as insidiosas plantas que devoram insetos.


Pollyannas e Pollyannos preferem que as pedras não sejam arremessadas na plácida superfície do lago a revolver o lodo do fundo, mas se o profundo se faz raso, a razão é estrangulada pela emoção e daí se vai e se esvai o equilíbrio. Pensar fora da caixa é bom e bem-vindo, mas fora da caixa não é um cenário de peça infantil. Somos crianças adultas e nada de temáticas ocultas pra não causar abalos e não doer nos calos. Flor que é flor é pétala e espinho. Bebamos água mas também vinho. A vida, ávida, é mel e fel.


Promessas da razão

Todos os motivos pro cinismo
Toda pequenez na vastidão
Todos os atalhos pro abismo
Todos os cupins da corrosão

Todas as paixões e seus castigos
Todos os demônios no porão
Todos os covardes sem perigo
Todos os punhais da castração

Todos os desvãos do labirinto
Todos os desejos tão famintos
Todas as promessas da razão

Tudo assim no dito por não dito
Tudo que é póstumo e maldito

Tudo que era sim e agora é não


sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

Tudo sobre o nada


Volta e meia – e na outra meia volta também – a dura concretude da realidade tem de ser atenuada pra aliviar a pressão, seja com simples escapismos, ou com arte, prazer, riso, beleza e por aí vai-se, sem que se esvaia a consciência do que é denso e grave.

Eu, como cidadão poeta tento fazer minha minúscula parte e não me omito em minha escrita e arte. Então me permitam quando em vez tergiversar, enveredar por trilhas que deem em açudes plácidos, com céu de nuvens brancas e brincar, brincar com as palavras, seus sons e significados, brincar de ser filósofo, repórter e palhaço, ajudando a nutrir o lúdico que todos carregamos e que se faz necessário preservar e fomentar.


Talvez a arte e a poesia não vão mudar o mundo, mas se elas fizerem sorrir, pensar e se emocionar, já será uma imensa redenção.


Tudo sobre o Nada

Sabemos pouco do Nada
A morte ou a negação
O corte, a desconstrução
Pensar que nunca acontece
O que pra sempre se esquece
Tudo o contrário do Nada
Tudo o que o Nada não é
Nada fazendo emboscada
Pra Tudo fugir de ré
Ser Tudo é grandiloquente
Ser Nada é ser indigente
Pragmático é, contudo
Que se infere por verdade
Num copo com meio Tudo
Nada há noutra metade