Importante

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sábado, 19 de maio de 2018

Planalturas



Um parlamentar (ou pra lamentar?) chamado Inocêncio. Outro chamado Paudernei. Paudernei que dá em Chico dá também em Francisco? A alternativa pro choro é o riso. Plano B é puro improviso. O palhaço monta o circo no planalto. Mãos ao alto!, uma voz se faz ouvir. Olha o gol! Olha o gol! na emoção do circo sem pão. Rola a bola, rola o Ebola, rola Brahma que não é o Deus, rola você e eu num escapismo, rola uma beira de abismo, mas tudo menos cinismo.


Ticápoli


Júbilo
nos púlpitos
sacrílegos
Pupilas dilatam
Delatam
Retórica insólita
Vetustas víboras
Vernáculo
Cínico oráculo
Vírgulas, verbos
Verbas
Gárgulas
Gargalos gargalham
Galgá-los
Nos ofícios
Orifícios imorais
De lírios
em desarranjos florais
Neopentecostalizados
municestados
fede-rais



sexta-feira, 11 de maio de 2018

Memorável



Seres desejantes que somos, é natural que sonhemos alto, que sonhemos grande. O símbolo de Sagitário é um centauro enviando uma flecha alta e distante, ou seja, grandes metas. Grande implica em difícil, muitas vezes demorada.

Por outro lado, Mao Tse Tung disse que o passo mais importante no longo caminho é justamente o primeiro. Cada desejo reverbera e repercute no interior de cada subjetividade. O que é sonho pra mim, pode não passar de um cisco no olho de outros.

Fiquei, mais uma vez, pensativo sobre pequenas e grandes ambições, sonhos, planos. Nossa natureza não só mental, mas também biológica, nos encarcera em experiências fugazes. Cada prazer, cada relevante momento que experienciamos traz em si a marca do transitório. E o modo que está ao nosso alcance de reter e mesmo “eternizar” isso é na memória. Diz-se até que o que tem sentido e valor na vida é o que é memorável.

Mas como somos meio megalômanos, tendemos a fazer grandes e muitas vezes inatingíveis planos, como se cada pequeno triunfo, ou mesmo cada ínfimo contentamento de uma brisa fresca, um canto de pássaro, o sabor de uma fruta, não fossem dignos da nossa consideração. Na verdade a transitoriedade de nossas experiências, a maior parte das quais baseadas nos nossos sentidos, de certa forma iguala, nivela grandes e pequenos eventos.

Quem não valoriza um vinho caro e raro, uns mergulhos nas cristalinas praias das Maldivas, um passeio de balão pelos céus da Capadócia? Mas se estivesse ao nosso alcance perenizar isso, será que, transformada em rotina a excepcionalidade, se esvaziaria o valor?

Não, não estou sugerindo que nos contentemos com pouco, com o pequeno e modesto. Apenas ressalto que o micromomento, a ínfima alegria, o imanente, o singular, o imprevisto, podem trazer o tanto de desconcerto que de certa forma contribui pra nos distinguir dos outros seres vivos e também produzir memória porque é quando a matéria entra em sinergia com o espírito que tudo ganha mais sentido.


Canção visceral



Vento que açoita o trigal
Rio do que é turvo e denso
Terremoto, temporal
Tudo é menor do que penso

Quero tudo tão intenso
Múltiplo salto mortal
Que este oceano imenso
não transborde num dedal

Esta vela é só um lenço
para um mastro tão extenso
e não sai do litoral

Grito uma raiva abissal
numa canção visceral
Mato a morte em sonho e a venço




sexta-feira, 4 de maio de 2018

Haja saque



                                Eldorado

Não ( palavra a enfrentar...ou não) serve como desculpa ter culpa ou não ter, acionar a catapulta de matar civil, onde já se viu, se o servil não serviu triture-se. Dar de ombros pros escombros de indigente, sindicância verborrância matança eugênica de mundo superpopuloso guloso que come parede enquanto a grande rede fabrica moedas e outras merdas nefastas como vastas desverdades e beldades de fraude. Desfralda a bandeira fascista, calunia artista, dá suporte ao livre porte que acirra. Nada de incenso e mirra que o renascido não é o redentor e sim o feitor chocado em ovo de serpente. O Papa é boa gente, mas indulgente com usos e abusos. O estadista faz vista grossa pra atrocidades do seu parceiro comercial e coisa e tal. Se fosse um mundo cão seria bom pois cães são dóceis, mundo humano desumano, entramos pelo cano por baixo dos panos anos e anos de malfeitoria, ínfima minoria com a primazia  e a pior acepção da palavra nobre, do lado oposto os pobres. Democracia é retórica da elite, por mais que se grite como loucos faz-se ouvidos moucos. Seguimos domesticados, cada um no seu quadrado e os tesouros de Eldorado em mãos poucas e outras.